"Este livro foi uma forma de a Margarida se recompor"
António Damásio, Daniela Ruah, Alexandra Champalimaud, Manuel Eduardo Vieira, João Santos, Irene Fonseca, Ricardo Reis, Domitília Santos, Joana Vicente e António Homem. Estes são apenas alguns dos portugueses ou luso-descendentes residentes nos EUA e com percursos assinaláveis que Margarida Marante entrevistou nos últimos dois anos. As conversas vão ser publicadas em livro no final de novembro.
Rui Ochôa foi o fotógrafo escolhido pela jornalista, que morreu na sexta-feira de madrugada, vítima de ataque cardíaco, para a acompanhar neste périplo por mais de uma dúzia de cidades norte-americanas. "Foi a Margarida que propos à FLAD [Fundação Luso-Americana] editar este livro. Iniciámos as entrevistas em outubro de 2010 com uma viagem a Massachusetts. A última foi a Washington e à Pensilvânia, em fevereiro deste ano", explicou ao DN o fotógrafo. "São entrevistas de vida que não têm que ver com as entrevistas políticas com as quais ela se notabilizou em televisão. Têm um tom bastante mais moderado", revelou o fotógrafo.
A obra, da editora Tinta da China, deverá chamar-se América. "De acordo com o que nos disseram da parte da editora no dia 4, este título, que foi sugerido pela Margarida, foi aceite. Eu também sugeri um, As Histórias Fantásticas da Diáspora, mas é muito grande", recorda Rui Ochôa.
Afastada do pequeno ecrã desde 2001, ano em que abandonou a SIC, o profissional acredita que a vontade de Margarida Marante em editar este livro "foi a forma que ela encontrou de voltar ao ativo". "Digamos que ela tinha saído de um período difícil da sua vida, como toda a gente sabe, e foi uma forma de se recompor", avança. Porém, a sua vontade, prossegue o fotógrafo, "era regressar à televisão". "Manifestou-me bastante interesse nesse sentido durante este período. A minha opinião é que a publicação deste livro não a servia apenas a ela. Era também uma tentativa de a Margarida ver se se lembravam dela", confessa Ochôa.
Porém, garante ainda o amigo da jornalista desde há 30 anos, durante as entrevistas "Margarida andava bastante alegre e sempre cheia de energia". "Lembro-me de ela ter as coisas muito bem preparadas, como era aliás seu timbre. Quando íamos de viagem, tinha as horas, os dias e os locais sempre marcados. Sempre tudo agendado e organizado na perfeição", sublinha Ochôa.
Margarida Marante, nascida em 1959, iniciou carreira aos 17 anos, quando foi "bater à porta" da revista Opção, como a própria contou em 2010 em entrevista ao Expresso. Passou depois pelo semanário Tempo e, em 1978, ingressou na RTP, de onde saiu em 1990. Passou pela revista Elle, pela TSF (em 1991, e para onde regressaria em 2003) e pelo semanário Expresso. Em 1992, integrou a equipa fundadora da SIC, que comemorou no dia 6 o seu 20.º aniversário.